Problema na fala não tem ligação aos dentes, mas à audição

Se seu filho é desatento, apresenta dificuldades em construir frases e troca letras e fonemas, ele pode não estar escutando muito bem.

Rosângela Alves Nunes sempre notou que Rodrigo tinha algo diferente das outras crianças. “O Rodrigo sempre foi bastante quieto e desatento. Ele demorou um pouco mais do que o normal para aprender a falar, se confundia na hora de formar frases e trocava algumas letras, mas achei que era da idade. No começo, não desconfiei de nada”, diz Rosângela.

Mas as coisas pioraram quando ele entrou na escolinha, com 4 anos, pois não era de muitos amigos e as professoras reclamavam da sua falta de atenção nas atividades. Segundo Irene Marchesan, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, os sons da fala de uma língua são adquiridos até mais ou menos os 5 anos. No entanto, a partir dos dois anos a criança já está falando uma série de pequenas palavras.

“Os últimos sons a serem adquiridos são os “Rs”, da barata, careca e armário, e os chamados grupos de consoantes, como prato, placa, clube e simples. A melhor forma de saber se uma criança está indo bem na aquisição dos sons é compará-la a outras crianças da mesma idade. Vale lembrar que as meninas têm o desenvolvimento global mais rápido e, por isso, começam a falar antes dos que os meninos”, diz Irene.

Graças à indicação da mãe de uma colega de Rodrigo que é dentista, Rosângela resolveu procurar ajuda. Foi necessário fazer um monte de testes, pois, segundo a médica de Rodrigo, era necessário excluir qualquer outro problema. “Problemas como tamanho da cavidade oral, alterações na oclusão dentária, ausência de dentes, tamanho da língua e frênulo (freio) lingual podem interferir na maneira como os sons são produzidos”, afirma a fonoaudióloga.

Eliminando possibilidades

Excluídos todos esses itens, foi detectado um pequeno problema auditivo em Rodrigo, que explicava os problemas na fala, a desatenção e as dificuldades de interagir na escola. “Os problemas auditivos podem causar atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem. Hoje temos o chamado ‘teste da orelhinha’, que começa a desempenhar bem esse papel de identificação precoce”, indica Irene.

“Hoje, faz quase um ano que o Rodrigo está usando aparelho auditivo. Ele também faz exercícios de fono em casa para reeducar sua fala. E como detectamos o problema relativamente cedo, a fala e o comportamento dele já melhoraram muito. Mas queremos que fique ainda melhor”, diz Rosângela.

Fonte: Terra Saúde